A sede do Sindes recebeu no último sábado (02) a primeira turma do Curso de Formação Sindical, que teve como tema principal a história do sindicalismo. A atividade foi comandada por Heitor César, professor de história e filosofia e membro do Instituto Oswaldo Pacheco, e deu um panorama histórico tanto mundial quanto nacional das lutas sindicais desde o início dos movimentos até os dias atuais. Estiveram presentes membros da diretoria do Sindes, filiados ao sindicato, além de membros de sindicatos parceiros e membros do Fórum Sindical, como Francisvaldo Assunção, diretor jurídico do Sinpaig; Carmem Machado, presidente do Sisma; e Luiz Wanderlei dos Santos, presidente do Sintesmat.
A avaliação geral dos participantes do curso foi positiva. Adrieli Campos, membro da diretoria do Sindes e criadora do perfil Sindes Pela Base enfatizou a importância da atividade. “O curso foi muito esperado pela base por muito tempo e o professor conseguiu trazer a história desde o início da luta de classes e fazer a contextualização com as lutas atuais”, declarou.
A relevância do tema para a atualidade também foi destacado por Claudiney Vieria, vice-presidente do Sindes, que considera o curso vital para o momento político que vivemos. “O servidor [público] não se vê como classe trabalhadora. Então esse é o momento para que a gente agregue conhecimento, para o servidor entender como é que começaram essas lutas, por que existe o sindicato, de onde surgiu, e quais os caminhos estão seguindo os sindicatos, afirmou Claudiney.
Foto: Karina Stein/Sindes-MT
A qualificação da categoria também foi citada por Eduardo Matos, diretor de formação sindical do Sindes e idealizador do curso. “A gente pretende dar continuidade e fazendo outros módulos e tentar trazer cada vez mais pessoas para ações desse tipo, criar uma cultura no Sindes de se inteirar sobre a questão sindical para melhorar a situação política”, destacou. De acordo com Eduardo, o objetivo é que sejam realizados outros três módulos do curso em parceria com o Instituto Oswaldo Pacheco, porém ainda não foram definidas datas.
O professor Heitor César, que veio a Cuiabá especialmente para o curso, destacou a ampla participação do público durante as discussões. “Um dos pontos positivos no curso de formação é o das pessoas se envolverem e se verem representadas no que está sendo discutido. Uma das coisas que está sendo muito bem abordada e explorada nessa aula específica é justamente a história do movimento sindical, que poderia parecer algo longe do dia a dia das pessoas, mas elas estão se identificando com essa história e estão trazendo exemplos do cotidiano delas,” disse.
Perguntado sobre a atual conjuntura do movimento sindical no Brasil, Heitor avalia que este é o pior momento já vivido pelo movimento desde a redemocratização, principalmente por conta das reformas trabalhista e da previdência e a implantação da lei da terceirização. “A reforma trabalhista impactou muito na autonomia e na organização do movimento sindical. E para piorar estamos atravessando essa quadra histórica bastante adversa que foi marcada tanto pela pandemia quanto por essa ofensiva de uma política de extrema-direita que ataca direitos e conquistas históricas dos trabalhadores”.
Ao ser perguntado sobre a falta de consciência de classe que assola a maioria dos servidores públicos brasileiros, que muitas vezes não se veêm como classe trabalhadora, Heitor é categórico ao afirmar que a mentalidade é fruto de acusações vindas das elites política e econômica do país. “Parte da população que é convencida ideologicamente que o serviço público é mal prestado, quando na verdade nós temos justamente o contrário. Se não fosse o serviço público eu diria que a população brasileira estaria passando um momento mais grave ainda. Se nós estamos conseguindo atravessar essa turbulência da Covid-19, muito nós devemos ao setor público, ao SUS”, declarou.
Por fim, o professor Heitor disserta sobre estratégias que poderiam fortalecer as lutas sindicais no país e estabelecer laços com a população: “Tentar trabalhar o conceito da importância do serviço público, tanto da importância política quanto do serviço em si que é prestado para a população. Acho que nós temos que fortalecer a ideia que o serviço público é essencial para um país como o nosso, onde temos uma parcela significativa da população atravessando o limite da pobreza extrema”, finalizou.
Jornalista: Karina Stein
Foto: Augusto Pereira/Sindes-MT